Vivo com bipolaridade ou, como gosto de dizer, tenho uma força criadora feroz. Nunca me animei com decorar fórmulas e criar com estruturas fixas (eu gosto mesmo é de dançar com as forças que caminham por trás das palavras, transformar e ser transformada), ao mesmo tempo que eu sempre senti que a escrita é um lugar amplo demais para conseguir ir fundo e trazer algo de lá sem um mapa. Fui estudar literatura, me joguei aos tropeços na prática, tropecei nas minhas crises bipolares, escrevi livros, ganhei prêmios e bolsas importantes, devorei tudo que encontrei sobre a relação entre a escrita, o corpo e os sonhos, desde a magia até a neurociência, tropecei em mais crises bipolares e aos poucos fui entendendo que a busca pela escrita selvagem inspirada e a busca pela minha saúde mental criativa eram uma só busca por reencontrar minha alma, ser manifesto, ser poesia.