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Experimentos de censura íntima

Estreio no projeto Os dias e as noites, que partilha diários pessoais desde março de 2020, com a série experimentos de censura íntima.


Quando a Moema Vilela me convidou para participar, quis criar uma maneira de ao mesmo tempo mostrar e não mostrar uma página do meu diário. Mostrar porque entendo a força da intimidade. Não mostrar porque minha experiência com diários é radical, portanto radicalmente íntima, muito além do que quero compartilhar sem a mecânica da ficção, que é justamente isso: uma arte do mostrar e esconder.


(Tenho a impressão de que o problema da intimidade não é expor, mas não ser entendida, já que os diários são escritos para um leitor mitológico, conhecedor dos meus mistérios e dos meus vícios de linguagem - mas isso fica para uma outra reflexão).


Para ficcionalizar os diários, mas ao mesmo tempo entregar algo que fosse verdadeiro, honesto em sua materialidade, com palavras nascidas para a verdade, surgiu a ideia de "censurar" meus próprios diários, criando um outro texto a partir do que sobrevive ao rabisco.


O desafio: dizer algo do que estava ali. Sem dizer tudo, dizer mais ainda.


Nessa primeira série, fiz três variações sobre a mesma página, a entrada do dia 12 de junho de 2020, escolhida ao acaso. A série completa você pode conferir aqui.



Mais sobre o projeto (texto encontrado no site)

Um diário é um lugar para contar histórias – a sua história, a minha. A história mais íntima de cada pessoa. Um espaço para inventariar as miudezas do dia, um refúgio para a expressão mais autêntica. O diário é também um registro histórico, que apoia a construção de um panorama coletivo do momento. Ler o diário de alguém pode proporcionar tanta companhia. Surpresa, maravilhamento, aprendizado. Não raro, apreendemos nos diários lidos uma grande diversidade de modos de ser e viver. Ao mesmo tempo, deparamo-nos também com o fato de que temos tanto em comum. Esta é uma página para a partilha de diários pessoais, escritos a partir de março de 2020.

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